A Selic está em 15% ao ano porque o Banco Central entende que, mesmo com alguma melhora recente da inflação, as expectativas seguem acima da meta e o cenário ainda pede política monetária contracionista por “período bastante prolongado”, com risco de voltar a subir se necessário.
Selic a 15%: o que aconteceu na última decisão do Copom?
Na reunião de 10/12/2025, o Copom manteve a Selic em 15% ao ano pela quarta vez consecutiva. A decisão foi unânime e reforçou um tom de cautela, sem sinal claro de corte imediato.
Dois pontos ajudam a entender o contexto:
- A Selic chegou a 15% em julho e, desde então, ficou estacionada nesse patamar.
- A inflação cheia desacelerou: o IPCA em 12 meses ficou em 4,46% em novembro, encostando no teto de tolerância (4,5%), mas ainda acima da meta central.
Por que a Selic ficou em 15%?
O comunicado (reproduzido por veículos de mercado) aponta uma combinação de fatores:
Expectativas de inflação ainda acima da meta
O Copom destacou que as projeções do Focus para 2025 (4,4%) e 2026 (4,2%) permaneciam acima da meta, e que a desancoragem é um desconforto relevante.
Inflação arrefecendo, mas “acima da meta”
Mesmo com algum alívio recente nas medidas cheias e subjacentes, o BC ressaltou que elas seguem acima da meta.
Atividade moderando, mas mercado de trabalho resiliente
O Copom reconheceu moderação no crescimento, enquanto o mercado de trabalho ainda mostra resiliência, o que pode sustentar demanda e preços (especialmente em serviços).
Cenário externo incerto (EUA, condições financeiras globais, geopolítica)
O texto mencionou incerteza ligada à conjuntura e política econômica dos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais e um ambiente de tensão geopolítica exigindo cautela de emergentes.
Balanço de riscos “mais elevado que o usual”
O Copom explicitou riscos de alta (ex.: expectativas desancoradas por mais tempo, serviços mais resilientes, câmbio mais depreciado) e riscos de baixa (ex.: desaceleração doméstica/global maior, queda de commodities).
O que significa “manter a Selic por período bastante prolongado”?
Essa frase é o “selo de prudência” do Copom: a leitura é que não basta ver a inflação melhorar por um ou dois meses; é preciso observar:
- expectativas convergindo,
- serviços cedendo,
- atividade e crédito esfriando,
- e um cenário externo menos ruidoso.
O próprio comunicado reforçou que o BC seguirá vigilante e “não hesitará” em retomar o ajuste se julgar apropriado.
FAQ – Perguntas Frequentes
Porque o BC entende que ainda é necessário manter a política monetária contracionista para garantir a convergência da inflação à meta em um ambiente de expectativas acima do alvo.
Na decisão de dezembro, o Copom não deu indicação clara de corte iminente e reforçou cautela, mantendo o discurso de “período bastante prolongado”.
Porque o BC olha para inflação futura e, principalmente, para expectativas e persistência (serviços, câmbio, atividade). A melhora pontual não garante convergência sustentada.







