A Braskem vive um dos momentos mais delicados de sua história recente. A perda de valor de mercado, a reavaliação da sua estrutura de capital e o rebaixamento de rating pela S&P Global Ratings colocam a companhia no centro das atenções dos investidores.
Queda acumulada em 2025
A empresa anunciou que vai revisar a sua estrutura de capital a partir da contratação de assessores financeiros e jurídicos. Além disso, a S&P Global Ratings rebaixou, no dia 29 de setembro, a classificação de “B+” para “CCC-“, reiterando perspectivas negativas.
Então, neste mesmo dia, após o episódio acima, as ações da Braskem caíram quase 4% na sessão. Além disso, na sexta-feira (26), a queda dos seus papéis já havia sido de 14,81%. Por isso, se analisado o ano de 2025, a Braskem já desvalorizou em mais de 40%.
Por que a Braskem está em crise?
A atual crise da Braskem é resultado de uma combinação de fatores estruturais, jurídicos e conjunturais que, somados, vêm fragilizando a percepção de investidores e aumentando o risco de deterioração financeira.
Elevado endividamento e fragilidade financeira
A Braskem carrega um passivo relevante, fruto de anos de investimentos e desafios operacionais. Em um cenário de margens mais apertadas no setor petroquímico, a capacidade de honrar compromissos se torna mais difícil. A contratação de assessores para revisar a estrutura de capital mostra que a companhia busca alternativas para reorganizar sua dívida, mas também sinaliza preocupação ao mercado.
Questões jurídicas e ambientais
Outro ponto que pesa sobre a empresa são as pendências jurídicas e ambientais. O caso mais emblemático é o de afundamentos de solo em Maceió (Alagoas), atribuídos à atividade de mineração de sal-gema da companhia.
Esse episódio gerou milhares de famílias deslocadas, indenizações bilionárias e ações judiciais ainda em andamento. A incerteza sobre o tamanho das responsabilidades futuras gera apreensão nos investidores e amplia o risco percebido.
Cenário macroeconômico adverso
O ambiente externo também não ajuda. Com juros globais ainda elevados e volatilidade nos preços do petróleo e da nafta (insumo básico da petroquímica), empresas alavancadas como a Braskem sofrem mais. A combinação de custo de capital alto, demanda instável e competição internacional pressiona a geração de caixa e reduz a flexibilidade financeira da companhia.
Risco de recuperação judicial da Braskem
Diante da deterioração de fundamentos e da perda de confiança do mercado, alguns analistas já não descartam a possibilidade de recuperação judicial. Assim, o rebaixamento de rating pela S&P, de “B+” para “CCC-”, só reforça esse temor, já que a nota indica elevada probabilidade de inadimplência.
Para acionistas e credores, isso representa um risco adicional de perdas e de alongamento do tempo de recuperação de investimentos.
O que esperar da Braskem para os próximos meses?
Um cenário altamente volátil e a extrema cautela são dois sentimentos que tomam conta quando o assunto é Braskem. Assim, o futuro da Braskem permanece cercado de incertezas e será definido pela interação de três grandes eixos: financeiro, setorial e político-regulatório.
Negociações de dívida e reestruturação financeira
O principal foco estará nas tratativas com credores. A capacidade da Braskem de renegociar prazos, reduzir encargos e eventualmente alongar o perfil de sua dívida será determinante para a continuidade das operações. Caso as conversas avancem positivamente, o mercado pode enxergar algum alívio no curto prazo.
Por outro lado, a falta de acordo aumenta a probabilidade de recuperação judicial, o que impactaria não apenas acionistas, mas também detentores de títulos da companhia.
Impactos no setor petroquímico
Como líder no setor petroquímico da América Latina, a situação da Braskem não se restringe apenas aos seus acionistas. Uma eventual retração nas atividades pode afetar toda a cadeia produtiva, desde fornecedores de insumos até indústrias que dependem dos seus derivados, como plásticos e combustíveis.
Assim, se cria um efeito em cascata na economia, elevando a relevância do desfecho dessa crise para o mercado como um todo.
Decisões políticas e regulatórias
Outro fator que deve ser acompanhado de perto é a atuação do governo e de órgãos reguladores. A Braskem, por seu peso estratégico no setor, pode ser alvo de medidas de intervenção ou apoio estatal.
Além disso, mudanças regulatórias ambientais ou em políticas industriais podem influenciar diretamente sua capacidade de se reerguer. Qualquer decisão nesse campo pode ser um divisor de águas para os próximos capítulos da empresa.
Por isso, para quem é investidor, é o momento de redobrar a atenção. Esse foi só mais um exemplo de como fatores financeiros, jurídicos e macroeconômicos podem se combinar. Por isso, o que acontece é uma forte volatilidade em ações de empresas relevantes para o mercado.
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Fonte: InfoMoney