A tarifa de 40% dos EUA sobre o Brasil chegou ao fim, ao menos para alguns produtos. O governo dos Estados Unidos anunciou a retirada da tarifa adicional de 40% sobre uma lista de mais de 200 produtos brasileiros, o “Tarifaço”. A decisão foi formalizada por uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump e publicada no site da Casa Branca, com efeito retroativo a 13 de novembro de 2025.
Na prática, o fim da tarifa de 40% dos EUA sobre parte dos produtos brasileiros alivia custos, devolve competitividade aos exportadores. Além disso, abre espaço para uma retomada dos embarques ao mercado norte-americano, um dos mais importantes destinos das vendas externas do Brasil.
O que era a tarifa de 40% dos EUA sobre produtos brasileiros?
De forma simplificada, a guerra tarifária entre Estados Unidos e Brasil em 2025 seguiu esta sequência:
- Abril de 2025: os EUA criam uma tarifa “recíproca” de 10% sobre diversos países, incluindo o Brasil.
- Julho de 2025: é imposta uma sobretaxa adicional de 40% especificamente sobre produtos brasileiros. Por isso, a tarifa total chegou a 50% para itens como carne, café e frutas.
- 14 de novembro de 2025: a Casa Branca remove a tarifa global de 10%, mas mantém a sobretaxa de 40% focada no Brasil.
- 20 de novembro de 2025: Trump assina uma nova ordem executiva zerando a tarifa de 40% para uma lista ampliada de produtos brasileiros, com efeito retroativo a 13 de novembro.
Além de pressionar o governo brasileiro em temas políticos, as tarifas foram justificadas como resposta a uma suposta ameaça à segurança nacional e à economia americana.
Retirada da tarifa de 40% dos EUA: principais pontos da decisão
A retirada da tarifa de 40% dos EUA sobre produtos brasileiros não vale para toda a pauta exportadora, mas o alcance é relevante. Segundo reportagens e documentos oficiais, a nova lista abrange mais de 200 itens de origem brasileira, dos quais podemos destacar:
Agronegócio e alimentos
- Carne bovina e suína
- Café (inclusive cafés especiais)
- Frutas frescas e secas (como manga, uva e bananas), açaí e castanhas
- Cacau e derivados
- Sucos, com destaque para suco de laranja
- Mel, sementes e outros produtos agrícolas
Energia e commodities
- Petróleo e derivados
- Óleos combustíveis
- Gás natural e carvão
- Produtos energéticos em geral
Indústria e outros setores
- Peças de aeronaves
- Têxteis e vestuário de menor valor agregado
- Alguns tipos de calçados
- Móveis e produtos de madeira
- Minerais metálicos e não metálicos, incluindo certos minérios de ferro
- Fertilizantes e produtos mineral-químicos
Mesmo após o alívio, nem todos os produtos brasileiros deixaram de pagar a sobretaxa de 40%, mas o movimento amplia de forma significativa a lista de exceções originalmente criada quando o Tarifaço foi anunciado.
Por que os EUA recuaram nas tarifas de 40%?
De acordo com o governo americano, três fatores principais explicam a decisão de retirar a tarifa de 40% dos EUA sobre parte dos produtos brasileiros:
Pressão inflacionária interna
- Os EUA enfrentaram aumento relevante nos preços de alimentos e bebidas importados.
- Assim, ao aliviar tarifas sobre produtos que o país não produz em quantidade suficiente (como café e algumas frutas tropicais), o governo busca conter a inflação de alimentos e o custo de vida.
Progresso nas negociações com o Brasil
- Relatórios técnicos enviados à Casa Branca indicaram que, após conversas entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de reuniões entre Mauro Vieira (chanceler brasileiro) e Marco Rubio (secretário de Estado), parte dos produtos agrícolas já não deveria permanecer sob a sobretaxa.
Cálculo político doméstico
- Pesquisas de opinião mostraram desgaste na popularidade de Trump em meio à alta de preços.
- A medida é anunciada às vésperas das festas de fim de ano, pois o consumo de alimentos aumenta, reforçando o caráter de “alívio” para o eleitor americano.
Impactos da retirada da tarifa de 40% dos EUA nas exportações brasileiras
Vários segmentos voltam a competir em condições mais próximas às de outros exportadores globais, pela retirada da tarifa de 40% dos EUA sobre produtos brasileiros.
- Durante o auge do Tarifaço, o volume médio exportado do Brasil para os EUA entre agosto e outubro caiu cerca de 22,7% em comparação com a média de janeiro a julho de 2025.
- Parte dessa perda foi compensada pela diversificação para outros mercados, como África e Ásia, mas muitas cadeias exportadoras ficaram sob forte pressão.
Com o corte de tarifas:
- Produtos como carne, café e frutas passam de uma taxação total de até 50% para tarifa zero em muitos casos. Por isso, melhora-se margens e incentiva-se a retomada de volumes.
- A XP estima que os itens recentemente isentos representaram aproximadamente US$ 4,4 bilhões (cerca de 11% das exportações brasileiras para os EUA) em 2024. Assim, com a atualização, 55,4% das exportações brasileiras para os EUA agora estão livres da tarifa adicional de 40%, ante 44,6% na medida inicial.
Ou seja: a retirada da tarifa de 40% dos EUA é relevante, mas ainda não elimina todo o risco tarifário para o Brasil.
Setores brasileiros mais beneficiados pela retirada da tarifa de 40% dos EUA
Agronegócio: carnes, café, frutas e sucos
O agro brasileiro é o grande protagonista do movimento:
- Café: volta a entrar no mercado americano sem a sobretaxa, pois reforça a competitividade tanto de grãos quanto de cafés industrializados, com potencial de ampliar presença em varejo e food service nos EUA.
- Carnes (bovina e suína): a retirada da tarifa reduz o “desconto” exigido pelo importador americano. Além disso, tende a favorecer produtores com maior exposição ao mercado externo.
- Frutas, açaí e castanhas: nichos premium (como açaí e castanhas especiais) ganham tração extra em um mercado que valoriza saudabilidade e produtos de maior valor agregado.
- Suco de laranja: alívio importante para um setor já pressionado por questões climáticas e de oferta, reabrindo espaço em um dos principais mercados consumidores do mundo.
Energia, mineração e indústria
Além do agro, a retirada da tarifa de 40% dos EUA beneficia outros segmentos relevantes:
- Petróleo, gás e derivados: redução de tarifa em momentos de volatilidade de preços globais cria espaço para aumento de fluxo de exportações.
- Carvão e outros produtos energéticos: ganham competitividade relativa frente a fornecedores de outros países.
- Peças de aeronaves: positiva para empresas da cadeia aeroespacial que atuam na rota Brasil–EUA.
- Fertilizantes e produtos mineral-químicos: contribuem para manter o Brasil como fornecedor importante de insumos estratégicos.
FAQ – Perguntas frequentes
O que foi a tarifa de 40% dos EUA sobre produtos brasileiros? A tarifa de 40% foi uma sobretaxa aplicada pelos EUA sobre uma lista de produtos brasileiros, principalmente do agronegócio e de energia. Ela encarecia a entrada desses itens no mercado americano, reduzindo a competitividade do Brasil.
A retirada da tarifa de 40% vale para todos os produtos brasileiros? Não. A retirada da tarifa de 40% dos EUA vale para uma lista ampliada de produtos, mas ainda há itens que continuam pagando sobretaxa. Mesmo assim, a mudança já libera uma parte relevante das exportações brasileiras.
Quais setores brasileiros mais se beneficiam com o fim da tarifa de 40%? Os principais beneficiados são o agronegócio (carne, café, frutas, sucos), além de petróleo, gás, alguns fertilizantes e itens industriais como peças de aeronaves, porque são setores que tendem a recuperar margem e volume de exportação para os EUA.
A retirada da tarifa de 40% vai baratear produtos no Brasil? O efeito direto é maior nos preços para o consumidor americano, já que a tarifa era cobrada na entrada dos produtos nos EUA. No Brasil, o impacto é mais via melhores condições para o exportador, aumento de demanda externa e possível melhora na renda em regiões exportadoras.
A tarifa de 40% dos EUA pode voltar a ser cobrada no futuro? Sim, sempre existe risco de mudança de política comercial em função de disputas políticas, econômicas ou eleitorais. Por isso, empresas exportadoras precisam acompanhar de perto o cenário e trabalhar com gestão de risco e diversificação de mercados.
Fonte: G1